A Relação Entre as Antigas Aldeias Indígenas e a Localização dos Engenhos de Açúcar
na Freguesia de São João de Meriti
No início da colonização do Recôncavo da Guanabara, após a expulsão dos Franceses e Extermínio dos Tupinambás, Tamoios, a Coroa Portuguesa precisava recompensar seus guerreiros vitoriosos e dominar o território reconquistado aos franceses. O primeiro passo desse mecanismo de dominação foi a doação de sesmarias no entorno da Baía de Guanabara. Assim, as primeiras sesmarias foram doadas e muitas vezes seus limites e localizações eram fundamentadas nas informações obtidas através dos indígenas e franceses capturados. Por isso, muitas dessas sesmarias levavam em consideração o nome e a localização de antigas Aldeias indígenas Tupinambás.
A maioria dessas aldeias foram abandonadas pelos indígenas tupinambás que começaram um processo de fuga para o interior do território. Há relatos de que muitos desses indígenas migraram até alcançar a Bacia do Rio Amazonas. Diante disso, muitas dessas aldeias eram Taperas. Com exceção da Aldeia de Jacutinga que teve uma pequena redução jesuítica, mas logo em seguida esses indígenas de Jacutinga deixaram de existir por múltiplos motivos: pela sua ocidentalização, escravização e morte por doenças introduzidas pelos europeus.
Figura 1: Mapa Esquemático com a Localização das Aldeias Indígenas os Engenhos que se Formaram Próximo às Antigas Taperas da Aldeias Indígenas.
Conforme podemos observar no mapa esquemático, seis aldeias indígenas tupinambás estavam localizadas no território do que se tornaria a Freguesia de São João Baptista de Meriti. Essas aldeias influenciaram na localização de Alguns Engenhos como as aldeias de Itanã e de Payó. Itanã acabou sendo ocupada pelo Engenho do Porto e posteriormente, em 1666, transformou-se no centro da Freguesia até 1855. Uma característica do caminho para se chegar a essa aldeia era uma pedra próxima ao Rio Meriti/Pavuna. Essa pedra passou a servir de referência para o porto do Engenho do Porto. Ao mesmo tempo, a Aldeia de Payó que ficava às margens do Rio Pavuna também deu origem aos Engenhos de Nossa Senhora do Desterro da Pavuna e do Engenho de N. S. da Conceição da Pavuna. Essa Aldeia Payó deu origem ao nome Pavuna que passou a dar nome ao rio que passava perto desta aldeia e foi integrado aos nomes dos engenhos que se localizavam no entorno da tapera dessa aldeia.
Desse modo, fica evidente que os colonizadores portugueses se aproveitaram do conhecimento obtido através de seus adversários vencidos para fazerem as doações de sesmarias e estabelecerem seu domínio territorial sobre a recém criada Capitania Real do Rio de Janeiro. Contudo, muitas dessas informações foram apagadas justamente para provocar o esquecimentos sobre os verdadeiros donos desses territórios. Contrariando essas intenções, muitos desses nomes resistiram ao tempo e chegaram até nós na forma das toponímias de algumas áreas, como fósseis arqueológicos sociais desse passado indígena da Baixada Fluminense.
Bibliografia
SILVA, Rafael Freitas da. O Rio Antes do Rio. 4° Ed. Belo Horizonte: Relicário Editora, 2020.
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